Por que meus equipamentos estão sendo reprovados no laboratório?

Já falamos sobre alguns assuntos relacionados a laboratório e este em particular é um assunto bem extenso pois envolve inúmeros fatores que podem influenciar nos resultados analisados e, eventualmente, ocasionar a reprova de um equipamento.

Também falamos sobre os riscos de se copiar o projeto anterior, mas, a abordagem de hoje vai ser em um ponto muito simples mas bem importante que diz respeito à tensão aplicada e as distâncias de segurança que devem ser respeitadas.

É muito comum empresas de fabricação e reforma encontrarem problemas neste tipo de ensaio mas o problema se torna ainda maior nas reformas pois muitas vezes a reformadora acaba copiando o projeto anterior e desse modo copiando também os vícios e problemas  existentes.

Quando falamos de fabricação, e a distância de segurança não é suficiente, torna-se fácil detectar o problema ainda na fase de montagem. Mas na reforma caso a reformadora copiar o projeto anterior pode estar copiando o erro já cometido na fabricação e isso é um erro gravíssimo.

Para cada classe de tensão existem distâncias elétricas que tem que ser respeitadas, para não ocasionar fugas ou fechamento contra as ferragens e tanque, isso significa que quanto maior a tensão em que nosso equipamento for ligado, maior serão as distâncias entre ferragens e enrolamentos, enrolamentos e tanque e tudo mais que possa oferecer algum problema de fuga.

Abaixo temos um desenho com as explicações:

  • Para a classe de 15kV Distância de segurança: 20 mm
  • Para a classe de 25kV Distância de segurança: 30 mm
  • Para a classe de 36kV Distância de segurança: 45 mm

Desse modo para cada padrão de tensão que o projeto é submetido temos um valor de cabeceira a ser respeitado para evitar problemas nos ensaios (e no funcionamento integral do equipamento).

 

O que acontece na fabricação?

É comum na hora da montagem encontrarmos ferragens que estão muito próximas das bobinas não respeitando a medida mínima de segurança. Para evitar problemas no laboratório uma prática simples mas muito eficaz é fazer a medição destas distâncias antes da montagem final para assegurar que o projeto foi devidamente montado conforme o projeto, respeitando todas as medidas.

 

O que acontece na reforma?

Toda empresa de reforma geralmente começa seus trabalhos a partir do que encontram no transformador queimado que chegou, ou seja, se é um transformador em cobre com fio 19 AWG, e distâncias de cabeceiras de 10 mm, e classe 15Kv, é exatamente assim que o transformador será recondicionado.

 

Então qual o problema disso?

Simples assim: copiar este projeto significa que copiaremos o erro de quem projetou este transformador quando fabricado.

Observe que a medida que existe no projeto atual de reforma não é suficiente para garantir aprovação nos ensaios laboratoriais (por isso destaquei à distância no parágrafo acima).

Assim é extremamente importante a empresa possuir recursos computacionais para prever os resultados e se certificar através deles que todas as configurações do projeto, como tipo de fio, dimensões do enrolamento, distâncias de segurança, classe, potência etc., de fato atendem os requisitos técnicos especificados para este equipamento.

Por isso é indispensável um checklist de todos os pontos sensíveis do projeto, antes da montagem final. Trata-se de uma tarefa simples, mas que evitará inúmeras dores de cabeça e mais do que isso: evitará a perda de lucros!

 

Conclusão

À medida que criamos equipamentos que serão submetidos a tensões cada vez maiores, aumentamos significativamente os padrões de segurança.

Estes fatores de segurança devem ser respeitados à risca pois se não forem respeitados colocamos em risco o equipamento e consequentemente havendo qualquer problema de reprova automaticamente o equipamento passa de um possível lucro para um prejuízo.

Com um mercado cada vez mais competitivo (com margens cada vez mais apertadas) os espaços para erros diminuem drasticamente, a ponto de que qualquer retrabalho no equipamento trazer um prejuízo exponencial para a empresa.

Desse modo um equipamento reprovado significa:

  1. Voltar para linha de produção (Retrabalho)
  2. Atrasar a produção dos demais equipamentos (Perda de credibilidade)
  3. Multiplicar o prejuízo de materiais (Insumos adicionais)
  4. Pagamento de horas de retrabalho a todos os equipamentos afetados na cadeia produtiva (Perda de mão de obra)

Com os inúmeros recursos computacionais existentes nos dias de hoje é essencial que os projetistas seja na reforma, seja na fabricação, contarem com ferramentas que auxiliem e lhes dêem precisão dos valores adotados no projeto, criando a visibilidade dos resultados laboratoriais com muita antecedência.

Agindo assim isolamos os problemas de erro de projeto. Ficando apenas a responsabilidade de garantir que a execução seja realizada conforme o projeto.

Como as fábricas e reformadoras lidam com problemas de ordem de engenharia, é comum atribuírem soluções muito complexas para todos os tipos de problemas, contudo, nem sempre por se tratar de engenharia precisaremos complicar as coisas: às vezes fazer apenas o simples atende às necessidades de nossos clientes.

Autor:

  • William  Prange Theobald
  • Diretor Operacional da ILTECH com 10 anos de experiência em desenvolvimento de soluções voltadas para a área de Engenharia

2 thoughts on “Por que meus equipamentos estão sendo reprovados no laboratório?

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *