Fundamentos sobre a explosão de Transformadores a Óleo que você deveria saber

O indesejado e danoso evento de uma explosão é uma reconhecida desvantagem dos transformadores a óleo, sendo esse um dos principais motivos para se optar pelos transformadores a seco.

Não obstante, convém salientar que esse é um evento cada vez mais improvável, mesmo considerando o imenso número de transformadores em operação, em vários níveis de tensão e potência, em todo o Brasil, por exemplo.

A causa inicial principal desse tipo de explosão é o aumento súbito e excessivo da pressão interna ao tanque, que faz com que o óleo quente jorre e se inflame, ao entrar em contato com o ar atmosférico, resultando numa cena impressionante.

Isso porque o óleo, por sua vez, sendo mineral (naftênico ou parafínico), propaga a chama. Ao contrário, o óleo vegetal, que vem por isso ganhado força no mercado, não propaga tão facilmente a chama, embora, claro, também jorre aquecido, representando ainda um risco, mesmo que menor. Já quanto ao aumento súbito de pressão, a causa é um curto-circuito interno ao transformador, invariavelmente causada pela degradação da rigidez dielétrica do próprio óleo isolante.

O design dos transformadores deve ser adequado às necessidades que o equipamento deve atender: acatar os requisitos de operação de forma adequada exige soluções de software adequadas para avaliação do melhor design para os equipamentos com vistas a mitigar a ocorrência de episódios de falha com explosões e a predição de falhas de um modo geral.

Outros eventos causadores de explosões, ainda que raros, existem

Por exemplo, devido ao acúmulo de eletricidade estática causada pela circulação forçada de óleo (OFAN ou OFAF), em transformadores de elevada potência, nos primórdios de sua operação, quando não havia dispositivos para evitar o tal acúmulo.

Assim, para se evitar a ocorrência desse indesejável evento, o mais recomendável é agir antecipadamente e verificar regularmente o estado do óleo, através de ensaios físico-químicos de amostras de óleo de um transformador.

Nominalmente, rigidez dielétrica, tensão interfacial e teor de água são os principais ensaios, sendo o de fator de potência um ensaio de ratificação. Todos esses ensaios são previstos por normas nacionais.

Outras ponderações

Não obstante, convém também considerar que uma ocorrência de sobretensão pode também provocar um curto circuito interno ao transformador que, ainda que seu óleo esteja em bom estado, pode vir a provocar uma explosão.

Essa sobretensão pode ser de origem atmosférica (através de surtos de tensão, oriundos da queda de raios, que se propagam pelos condutores ligados aos terminais de cada transformador) ou à frequência industrial.

Por exemplo, um curto-circuito monofásico em rede trifásica sem aterramento elétrico provoca uma elevação da tensão fase-terra das fases sãs em cerca de 73 % acima da nominal. Por isso, os ensaios dielétricos normatizados, tais como os de impulso atmosférico, tensão aplicada e tensão induzida, são tão importantes para garantir a qualidade de um projeto de um transformador operacionalmente seguro.

Por sua vez, a implantação de um esquema de proteção elétrica adequada ao transformador, incluindo o uso de para-raios, contribui decisivamente para se evitar indesejadas sobretensões e eventualmente possíveis explosões.  Neste caso, convém citar que a proteção realizada pelo relé de Buchholz tem importante papel, na proteção de transformadores de maior potência, por detectar o acúmulo de gases através do aumento súbito de pressão interna e assim acionar os dispositivos de segurança. Relés desse tipo não têm viabilidade de aplicação em transformadores de menor potência.

Nesses casos, às vezes, são projetados transformadores auto-protegidos, cujos dispositivos de proteção são internamente instalados.

Adicionalmente, uma medida muito importante para se evitar explosões de transformadores é a adoção de técnicas de análise pós-explosão, visando entender exatamente o que levou um transformador a explodir, nos moldes de uma perícia.

Assim, com a adoção desses princípios, é possível afirmar que as empresas concessionárias de energia elétrica de todo o país estão muito atentas ao perigo que as explosões de transformadores representam e, por isso, tomam todas as medidas de segurança para a operação segura de todos os seus transformadores.

Desde aqueles transformadores que são comumente instalados em postes até os de maiores potências, localizados em subestações. Senão, vejamos. Se não bastasse a primordial preocupação com segurança das pessoas e, em seguida, com o transformador como patrimônio, em si, a crescente conscientização da sociedade para com o meio-ambiente faz com que as empresas se preocupem com o fato de que, se o óleo vir a vazar, um lençol freático possa ser atingido e drasticamente contaminado, se o óleo for mineral.

Por sua vez, a crescente preocupação da Agência Nacional de Energia Elétrica, a ANEEL, em exigir indicadores de qualidade de energia cada vez maiores das concessionárias de energia elétrica, principalmente os de continuidade de entrega de energia ao consumidor, representados pelo DEC (duração) e FEC (frequência), contribui decisivamente para que as empresas concessionárias primem por evitar todo e qualquer evento que implique no aumento desses índices. Isso, naturalmente, inclui o evento da explosão de qualquer um de seus transformadores a óleo.

Para finalizar

Neste cenário, o leitor pode se perguntar por que não se usam somente transformadores a seco, então?  Ou por que não se usa somente óleo vegetal em transformadores a óleo?

As respostas são animadoras.

A primeira deles é que, com base no que foi explicado anteriormente, não há motivos para preocupação. Ainda assim, convém mencionar que o óleo vegetal vem sendo crescentemente empregado em novos transformadores e, a longo prazo, tende a ser preferencialmente utilizado.

Por outro lado, transformadores a seco têm a resina epóxi como seu principal isolador, mas que não é único. Afinal, o ar também o é e, por isso, representa um limitante natural para aplicações em transformadores com nível de tensão elevado, como os de transmissão, por exemplo.

Ainda assim, mesmo em determinadas classes de tensão em que os transformadores a seco se apliquem, existem fatores que podem levar à preferência pelo transformador a óleo. Por exemplo, quanto a questões de espaço ou mesmo quanto maior for a potência envolvida.

Afinal, é possível afirmar que o cenário atual é bastante favorável para o banimento do evento explosão, na operação de transformadores a óleo. Dessa forma, se espera que, em breve, possamos ver explosões de transformadores somente em vídeos da internet.

5 thoughts on “Fundamentos sobre a explosão de Transformadores a Óleo que você deveria saber

  1. Estes transformadores de distribuição, ( 13,2KV x 110 \ 220 ) deveriam ter algum sistema de proteção interna para não deixar passar a alta voltagem para dentro de residencias.
    Aconteceu neste momento um acidente onde trabalho, o transformador teve sucessivas explosôes e deixou passar para dentro de várias residencias a alta voltagem, causando grandes estragos e incendios em 3 residencias com perda total.
    O técnico da ENEL atribuiu a culpa do evento ao proprietário do imóvel.

    1. Olá Ricardo,

      Obrigado por compartilhar suas opiniões e experiências aqui no Blog do Transformador.
      Infelizmente o transformador não é um equipamento a prova de falhas, existem dispositivos de segurança para casos assim que vão desde os mais simples até os mais sofisticados.
      Os mais simples são atuadores de rede que desarmam completamente a rede para evitar catástrofes como essa, funciona de forma parecida como os disjuntores que temos em casa, porém monitoram também a tensão não apenas a corrente. O problema é que os custos de sistemas de segurança como estes são um tanto quanto elevados e por muitas vezes não é aplicado em toda a rede elétrica. Cada caso depende de inúmeros fatores para justificar os investimentos, são decisões da concessionária que faz a distribuição.

      Agora quando estamos falando de proteções em transformadores, como o caso que você comentou, nós da ILTECH INNOVATIVE TRANSFORMERS além dos softwares que ofertamos para fabricação e reforma de transformadores, visando maior eficiência, lançamos recentemente um dispositivo eletrônico de baixo custo, capaz de ser instalado nos transformadores e com isso ofertar monitoramento em tempo real do equipamento. O problema é que mesmo soluções de menor custo ainda enfrentam resistência no mercado, todo visam apenas preço e qualquer centavo de economia é motivo para cortar parte dos investimentos nos equipamentos, com isso se reduz também o grau de segurança que os equipamentos podem ofertar.

  2. Para levar energia para um prédio em frente ao que moro, em maio/2020, a companhia de energia da cidade instalou um poste e fiação, com transformador ao longo do meu prédio a cerca de 4 a 5 metros do prédio, na altura das janelas da sala do 2o andar. E mais, esse poste com transformador passa ao sobre a passagem de pedestre que as crianças do meu bloco à área verde de lazer. O problema é que no caso de uma explosão do transformador, o fogo pode atingir os apartamentos, e as pessoas que eventualmente estiverem nas janelas, causa do incêndio nos imóveis, além de o fogo e o óleo do transformador atingirem as crianças que estiverem no pilotis ou na área verde de lazer, no momento da explosão. E isso para não se referir ao eventual rompimento dos fios energizadas com aguda possibilidade de caírem ao chão em movimento de ricochete atingindo gravemente pessoas, com especial nota para as crianças, que estiverem no local. O risco de acidente dessa natureza coloca em perigo a vida e à integridade física dos moradores, para não falar do menor dano, que é a integridade dos imóveis. Acrescente-se, por fim, que esses apartamentos são todos de “drywall”. Esse risco é tecnicamente real. Existem normas técnicas da Anatel prevenindo esse risco?

    1. Olá José, obrigado por compartilhar a questão.
      Sobre seu caso, a resposta é sim, existe uma legislação específica sobre as regras de segurança para instalação de transformadores, seja pela concessionária ou empresas/condomínios que fazem uso de transformadores elétricos.
      Acredito que o primeiro passo seria procurar o SAC da concessionária e relatar a questão, o advogado do seu condomínio pode ajudar formalizando a questão legal.
      O mesmo pode ser feito na prefeitura de sua cidade e também na própria ANEEL.
      Espero que consigas resolver a questão.

      Att,

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