Qual limite de indução devo usar em meu projeto?

Esta pergunta pode parecer simples, mas acredite, trata-se de uma dúvida recorrente em muitos projetos, e foi por este motivo que decidimos abordar o tema. Para você ter uma ideia da dimensão desse questionamento: mais de 65% dos atendimentos realizados pela área Consultoria da ILTECH tem relação com esta dúvida.

Já falei aqui, em postagens anteriores, a respeito do núcleo e da importância dele no projeto (aqui), mas este post trata de uma outra abordagem que é a indução empregada para cada projeto.

No dia a dia do engenheiro na fábrica ou reformadora de transformadores, sabemos que cada projeto que chega é um novo desafio cuja a complexidade aumenta com a quantidade de equipamentos a serem produzidos formando um lote. Note que a complexidade e a quantidade de equipamentos têm uma relação direta com a produtividade a ser alcançada pela linha de produção e também já tratamos desse tema (aqui).

Neste contexto (complexidade x volume de produção) é comum encontrarmos projetos muito conservadores, ou seja, devido ao medo de errar e perder um lote todo o profissional deixa de explorar os limites máximos possíveis e acaba por gerar perdas de diversas naturezas.

De forma geral, isso ocorre porque existem muitos fatores envolvidos no processo de beneficiamento do núcleo, alguns deles externos e outros internos. Os 4 mais comuns são:

Fatores externos:

  • Qualidade do material e garantias do fabricante da chapa
  • Fornecedor de chapas (quando estas já vêm cortadas pelo fornecedor)

Fatores internos:

  • Garantias elétricas do projeto
  • Qualidade do processo de montagem do núcleo

Todo projeto de transformador nasce na engenharia e com isso surge a necessidade do projetista garantir os resultados elétricos de seu projeto, evitando assim qualquer problema de ordem produtiva que venha a comprometer o lote.

Toda fábrica tem suas próprias particularidades e com isso deve ser criado um mapa de calor dos principais fatores que podem comprometer os resultados elétricos do projeto em questão.

Falaremos especificamente sobre o processo de gestão dos fatores internos e externos nas próximas postagens. Neste post vamos nos concentrar apenas em responder a seguinte pergunta: Como dimensionar a melhor indução para nosso projeto?

Bem até o momento não falamos ainda sobre qual indução adotar em nossos projetos, mas já irei chegar no assunto, é que para chegar lá temos que passar por alguns pontos que são decisivos para os índices de indução a serem adotados.

Existem alguns índices pré-definidos de acordo com cada tipo de chapa.

  • GNO – 12.500 Gauss ou 1,25 Tesla.
  • GO – 14.500 Gauss ou 1,45 Tesla.

Estes índices são valores de partida que podem variar para mais ou para menos de acordo com os fatores internos e externos encontrados. De todo modo, como o projetista precisa de um norte, são estes os valores iniciais e que poderão ser afinados de acordo com a qualidade do material e do processo.

Como saber então qual índice adotar?

E como garantir que os resultados elétricos serão de fato os projetados?

Pois bem, pode parecer simples, mas esta prática pode salvar o lote inteiro de produção.

Como existem muitas divergências nos valores medidos em laboratório para cada tiragem (lote de chapas que temos em estoque), uma técnica simples, porém eficaz que pode ser aplicada para produção em lote de quantidades significativas, é a criação do projeto piloto do lote.

O que pretendemos com isso é executar um projeto em índices um pouco acima do habitual, de modo a testarmos se a tiragem de chapas que temos no estoque de fato estão em conformidade com os índices que desejamos para o projeto, e deste modo economizar muito em nosso lote de fabricação uma vez que aumentar a indução significa salvar material das bobinas.

Quando fazemos um projeto piloto, ao realizarmos os testes laboratoriais saberemos com maior precisão o que podemos exigir em termos de indução. Recomenda-se trabalhar com margens que variam entre 10 a 15% de indução a mais ou a menos que as induções padrões para cada tipo de chapa.

Deste modo se fizermos um projeto com 10% a mais de indução com resultados laboratoriais satisfatórios, podemos adotar este padrão sem medo de comprometimento do lote. Lembre-se, já falamos sobre a importância de monitorar os custos do projeto pois o impacto na margem é maior do que a própria redução, veja nesse link aqui

Ou no cenário inverso se os resultados não forem os esperados, calcular com precisão qual índice adotar em função dos valores encontrados nos ensaios.

O projeto piloto tem como objetivo criar um índice mais preciso ao projetista, pois ali será encontrado justamente a divergência dos valores projetados versus medidos em laboratório.

Alguns podem achar que tal técnica é uma perda de tempo, mas acredite, tratando-se de lotes de produção as horas e material empregado em um projeto piloto é um investimento muito pequeno perto do dinheiro que pode ser ganho com um projeto otimizado aplicado em um lote inteiro, sem falar das dores de cabeça que esta técnica pode lhe poupar!

Autor:

  • William Theobald Prange
  • Diretor Operacional da ILTECH com 10 anos de experiência em desenvolvimento de soluções voltadas para a área de Engenharia

4 thoughts on “Qual limite de indução devo usar em meu projeto?

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